sábado, 14 de julho de 2012

Distâncias





A luz do abajur divide ausências
faltas e ânsias
dor de sofrer silêncios

a minha, abre caminhos de fantasias
dragões e heróis dividem o parágrafo
a linha
o trago...

a tua, é luz de realidades
racionalidades
e certezas
(não há espaço para as reticências)

fecho o mundo
guardo as letras
pontuo o final
contemplo o silêncio
e as cicatrizes

face a face
a léguas de distância
tu dormes.

(Yvanna Oliveira)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Florescer

Fotografia: Desabrochar (Joel Janeiro)

Eu não sei do que sinto e que sorrio
quando sou só sua e me entrego assim:
feito flor aos cuidados no jardim
esperando seu toque, seu feitio.


Não sei porque me abro lentamente
feito pétala ao sol vivaz, enfim,
meus lábios macios viram cetim
sedentos de sua boca tão somente.


E pressinto que já vê toda a gente
essa luz que converte pedra em flor
madrugada, manhã ou no poente


o seu brilho derrete o meu rancor
são os seus olhos, pedras florescentes,
trazem a minha vida mais vigor.


(Yvanna Oliveira)


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Nos quatro cantos


(Os livros da minha cabeceira
Guardam os anseios do mundo
E revelam segredos gigantes... )

Calma, estou procurando
nos quatro cantos da minha mente
o sentimento que valha uma leitura

Parece que meus olhos se fecharam
e a imagem fixa é ficção...

A maldade humana corrói!
Perversos e suas almas vendidas
patéticas ações patológicas
(há que se ter uma explicação sociológica!)

Eis a mente, o labirinto
perigosa responsável
(ela ou o destino?)
há quem diga: “estava escrito!”

Eu sinto tanto...
eu vejo tanto,
mas parece que meus olhos se fecharam
e tudo é escuro.

Os quatro cantos da minha mente
mentem!
“há que se acreditar na bondade humana!
há que se esperar um sorriso
e a mão que atravessa o cego!”

Mentem!
Descrente que estou...
meu otimismo despetalou

as flores coloridas desabrocharam no jardim
(nos quatro cantos há várias delas)
mas fora dele eu só consigo sentir
o espinho seco atravessando-me a garganta.

Há que se enxergar
no interior
há que se crer.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Soneto aos sóis que vejo na fotografia


Seus olhos são luzes que me tornam visíveis
Esclarecem-me a alma, enchem-me de fulgor
São sóis à meia noite, são brilho e calor
Raios que cintilam-me sorrisos sensíveis

Seus olhos tem um brilho que prende os meus
As luzes então saltam e se multiplicam
Envolvem nossos corpos que em nuvem faíscam
Tornam-se um só clarão, apagam-se os breus

Eu não canso de vê-los na fotografia
Seus olhos espelhos d'uma alma feliz
Refletem em mim lembranças primaveris

Recordo instantes de graça e simetria
E os olhos marejam de contentamento
Eu os fecho e viajo no meu pensamento.

(Yvanna Oliveira)