sexta-feira, 16 de março de 2012

Fim de tarde

Da janela gradeada toco a brisa
sussurro sutilezas ao pé do vento
uma formiga beija o tomateiro
a música embala a subida
uma risca de giz azul
corta rasante meu firmamento
um menino cai, chora
por que mesmo, menino?
esqueça a dor
a vizinha escreve cartas de amor
para ninguém
depois me corrige aos berros
(é para todo mundo!)

o céu cai manso
abraça a Terra
eis o senhor alaranjado
despedindo-se cansado

cochilo sobre os braços
e o vaga-lume  cochicha:
acorda
já vem a lua
abotoar teu céu
de questões
desagasalhadas.

Yvanna Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário