quinta-feira, 21 de junho de 2012

Versos livres desinteressantes

Quisera eu me fechar no silêncio noturno
das luzes da cidade
perder-me num sobrevoo livre
presa às asas de qualquer ave

Quem dera o meu tormento,
meu pranto e meu lamento
ecoassem do alto daquele rochedo
e estremecessem toda a Terra

Quisera eu ser ouvida,
ser sentida em minha essência...
Mas é vã a minha voz
é inútil o meu sentir

Cruzo a todo instante com tanto estranho
e é estranho o meu falar

Eu, que ordeno aos meus olhos
bloqueio a lágrima e forço o riso
atuo em tantos roteiros
dementes,
incoerentes,
inesperados,
desesperados.

Eu, tão atriz, tão personagem de mim
ainda fraquejo quando sou alvo
dessa retina que só existe nos meus olhos

Então, eu constato de novo
e mais uma vez:
francamente, cansei!

Eu, que tantas palavras calo
e que milhares de angústias disfarço
perdida nos meus anseios
ainda espero da solidão

ainda espero só.

4 comentários:

  1. Posso dizer que esse poema não fala só de você. Vi-me impregnado em cada verso.

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  2. Nossa! De desinteressante não tem nada.

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  3. Já havia lido, mas voltei a me impressionar com tanta força e sentimento contidos num poema muito musical.

    Tô virando fã dessa poetisa.

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  4. Belíssimo poema Yvanna. Nos leva a reflexão. Quanta identificação.

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