“Coisas são só
coisas servem só pra tropeçar.” (Chico César)
Casa,
carro, tevês, uma biblioteca
A
obra de Camões, os livros de Florbela
Pinturas,
esculturas, variadas telas
Girassóis
de Van Gogh e os sonhos de Dali.
A
Divina Comédia, também Dom Quixote
E
tantos livros quanto queiramos comprar
Que
dividam estante, que dividam o lar
Passaporte,
viagens para Paraty.
Telescópio,
luneta e até mapa celeste
Câmera
fotográfica, a mais perfeita
Na
cama em que se voa e não somente deita
Iremos
toda noite, juntos descansar.
Jardins
bem coloridos, horta e um pomar
Bom
descanso e lazer aos sábados e às quartas
A
cozinha equipada e a mesa sempre farta
Das
delícias das quais juntos seremos chefes...
Podem
deixar de estar quaisquer destas mil coisas
Podem
deixar de ser e nunca mais existir
Porém
que o bom sossego não saia daqui
Seja
possível ver o bem que mais nos serve.
(Yvanna Oliveira)
(Yvanna Oliveira)
que delícia de som e de sentido
ResponderExcluirO SONHO NÃO ACABOU
ResponderExcluirEscrevi um poema na areia
Cheio de nuanças
E de contratempos,
Ora inspirado pelo mar
Ora trazido pelo vento.
As ondas rebateram
Exigindo também o seu lugar,
Nem que fosse ao lado
Do ponto máximo do fim.
As gaivotas sobrevoaram
Em círculos provocantes;
Enciumadas de contemplação,
Pousaram sobre palavras-chaves,
Tornando meus versos incompreensíveis.
A noite foi surgindo sem pressa,
Permitindo que eu terminasse;
Mas a lua, cheia de inveja,
Se negou a iluminar.
Ela enfeitiçou o mar
Que sob seu encanto libertou a maré;
Enfurecido, eu a agredi em vão...
No dia seguinte, cabisbaixo,
Retornei à praia
Para ver o que tinha restado:
As ondas estavam calmas
E as gaivotas sobrevoavam felizes.
Caminhei lentamente pela areia
Quando, de súbito, meu olhar se aviltou
-Apenas uma frase o mar me deixou:
O sonho não acabou.
*Agamenon Troyan poeta brasileiro, autor do livro (O Anjo e a Tempestade)