sábado, 6 de outubro de 2012

Das coisas



“Coisas são só coisas servem só pra tropeçar.” (Chico César)

Casa, carro, tevês, uma biblioteca
A obra de Camões, os livros de Florbela
Pinturas, esculturas, variadas telas
Girassóis de Van Gogh e os sonhos de Dali.

A Divina Comédia, também Dom Quixote
E tantos livros quanto queiramos comprar
Que dividam estante, que dividam o lar
Passaporte, viagens para Paraty.

Telescópio, luneta e até mapa celeste
Câmera fotográfica, a mais perfeita
Na cama em que se voa e não somente deita
Iremos toda noite, juntos descansar.

Jardins bem coloridos, horta e um pomar
Bom descanso e lazer aos sábados e às quartas
A cozinha equipada e a mesa sempre farta
Das delícias das quais juntos seremos chefes...

Podem deixar de estar quaisquer destas mil coisas
Podem deixar de ser e nunca mais existir
Porém que o bom sossego não saia daqui
Seja possível ver o bem que mais nos serve.

(Yvanna Oliveira)

2 comentários:

  1. O SONHO NÃO ACABOU

    Escrevi um poema na areia
    Cheio de nuanças
    E de contratempos,
    Ora inspirado pelo mar
    Ora trazido pelo vento.

    As ondas rebateram
    Exigindo também o seu lugar,
    Nem que fosse ao lado
    Do ponto máximo do fim.

    As gaivotas sobrevoaram
    Em círculos provocantes;
    Enciumadas de contemplação,
    Pousaram sobre palavras-chaves,
    Tornando meus versos incompreensíveis.

    A noite foi surgindo sem pressa,
    Permitindo que eu terminasse;
    Mas a lua, cheia de inveja,
    Se negou a iluminar.

    Ela enfeitiçou o mar
    Que sob seu encanto libertou a maré;
    Enfurecido, eu a agredi em vão...

    No dia seguinte, cabisbaixo,
    Retornei à praia
    Para ver o que tinha restado:
    As ondas estavam calmas
    E as gaivotas sobrevoavam felizes.

    Caminhei lentamente pela areia
    Quando, de súbito, meu olhar se aviltou
    -Apenas uma frase o mar me deixou:
    O sonho não acabou.

    *Agamenon Troyan poeta brasileiro, autor do livro (O Anjo e a Tempestade)

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