terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Quando a música deixar de ter sentido



Quando a música deixar de ter sentido
E nem o som do silêncio for sincero
Quando as contas dos terços, os mistérios
Acumularem-se em preces inaudíveis
Quando o brilho, a luz do dia não pintar
E a noite for sem manto estrelado
Quando o choro for sempre abafado
Pelos alardiantes estampidos
Quando todos propagarem inimigos
E apontarem dedos sujos a outras faces
Quando dentre dez mil homens
Existirem mais covardes
Que o joio que se mistura ao trigo
Quando navegar não for mais tão preciso
Quando o barco seguir sem despedida
Quando a namorada não sorrir, bonita
Finalizando a espera demorada
Quando o beijo intenso e apaixonado
Só viver nos versos da poesia
Quando não se ouvirem mais bons dias
Do velho caminhante que segue a estrada
Quando não houver mais borboletas
Com seus braços coloridos a se abrirem
Quando a flor desabrochar sem cintilância
Ou pior, quando os ipês não mais florirem
Quando a utopia no horizonte não for bela
Quando bombardearem as primaveras
E as pétalas choverem mortas, murchas
Quando outonos misturarem-se aos invernos
Quando o mundo parecer mais um inferno
A arder e congelar em seus mil círculos.
Quando todos sentimentos forem breves
E viver a ninguém emocionar
Quando nada nesta vida for sagrado
Pedirei a Deus que, por favor, me leve.

(Yvanna Oliveira)

Um comentário: